quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.)

   FUNDAÇÃO FRANCISCO MASCARENHAS
  FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS - FIP
     CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO










MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS
JOSINALDO DA ROCHA ALMEIDA








REPÓRTERES DO OLHAR










 PATOS - PB
2009.1









MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS
JOSINALDO DA ROCHA ALMEIDA












REPÓRTERES DO OLHAR





  

              Relatório apresentado ao Curso de Jornalismo das Faculdades Integradas de Patos - FIP, em cumprimento às exigências acadêmicas necessárias para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social - Jornalismo.



Orientador: Profº. Ms. Edson Alves de França






 PATOS - PB
2009.1









MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS
JOSINALDO DA ROCHA ALMEIDA






REPÓRTERES DO OLHAR







Aprovada em: _____/_____/2009






BANCA EXAMINADORA



______________________________
Profº Ms. Edson Alves de França
Orientador



______________________________
Profa. Ms. Cosma Ribeiro de Almeida
Examinadora


______________________________
Prof. Esp. Marcos Alex Lacerda
Examinador






                                   




                                    MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS  
                                     JOSINALDO DA ROCHA ALMEIDA















REPÓRTERES DO OLHAR




















PATOS - PB
2009.1



















































Este vídeo-documentário é dedicado a todos os Repórteres Cinematográficos que mesmo discriminados, registram a história.  

  
AGRADECIMENTOS




Agradeço incansavelmente a Deus, por ter me dado saúde e forças para terminar este curso tão importante para minha vida profissional.

A minha esposa Betúlia, que mesmo trabalhando até às 17:30h de segunda a sexta, tinha a disposição de preparar meu jantar para que pudesse chegar à Faculdade com condições físicas de estudar. Por me incentivar e nas horas difíceis me encorajar para não desistir. Meus três filhos, Marcela, Yuri Marcelo e Ygor Marcelo que tiveram a paciência de aceitar minha ausência em vários momentos de lazer, tendo que me dedicar aos estudos.

Ao superintendente da Rede Paraíba de Comunicação, Sr. Guilherme Lima, que me proporcionou as condições financeiras para que pudesse pagar todo o curso. O editor-chefe das TVs Paraíba e Cabo Branco, Luís Augusto Pires Batista que foi um incansável incentivador para que a empresa investisse no meu sucesso.

Aos meus amigos, que torceram juntos para que eu realizasse um sonho que só eles sabiam o esforço que seria. Em especial ao meu amigo, Ednamay Rodrigues, que um dia, entre vários goles de cerveja, me fez ver a importância que seria para mim, uma formação acadêmica. E tantos outros que fui construindo ao longo do curso, como vários professores que me despertaram para o mundo atual.

Chego à conclusão do curso de jornalismo com meus poucos 51 anos de idade e uma vontade enorme de trabalhar cada vez mais.



                                                                                                Marcelo Negreiros


















AGRADECIMENTOS             





A Deus força imensa que me manteve de pé, amor maior que me acompanhou por este caminho cheio de obstáculo.
Aos meus amados pais e a todos os meus familiares que contribuíram de forma direta ou indireta, encorajando-me a nunca desistir das dificuldades.

                                                                            

Josinaldo Rocha














 “O repórter cinematográfico antes de tudo é um telespectador que com sua linguagem própria, a imagem, procura esclarecer os fatos e as dúvidas da matéria”.
Aídes Brasil de Arruda

Bernard Shaw















RESUMO



Este relatório objetiva apresentar as atividades que envolveram a produção do vídeo-documentário Repórteres do Olhar, uma visão sobre a participação técnica e as rotinas que envolvem o dia-a-dia dos repórteres cinematográficos na produção de notícias dos canais televisivos. A partir da constatação primeira da falta de um maior “reconhecimento” da profissão, o vídeo-documentário sinaliza para a construção de um perfil desse profissional, para o registro do domínio técnico que é exigido para a prática e para a parceria necessária entre os jornalistas de texto e imagem nos atos cotidianos de produção noticiosa. Nesse relatório, portanto, estão expressas tanto as inquietações que motivaram a produção do vídeo, como todo processo que permeou as reflexões conceituais e técnicas de realização, além dos passos operacionais de realização.  



Palavras-chave: televisão, rotinas produtivas, repórteres cinematográficos













 
 
 
ABSTRACT


           This report mean to present the activities involving the production of the video documentary Reporters of View, a vision about the technical participation and routines who involves the day-to-day of cinematograph reporters  in productions of the TV channels news. From the first observation of the lack of a more "recognition" of the profession, the documentary video signals to build a profile of this professional, for the record of the technical field who is required for the practice and the necessary partnership between text journalists and image journalists in the acts of daily news production. In this report, therefore, are both expressed concerns that motivated the production of video, as any process that permeated the discussions of conceptual and technical achievement, beyond the operational steps of accomplishment.


Keys-words: Television, routines productions, cinematograph reporters.



































 SUMÁRIO






1.      INTRODUÇÃO......................................................................................11
2.      PRIMEIRAS REFLEXÕES....................................................................13
3.      DA GESTAÇÃO DE UM PROJETO.....................................................16
4.      SOBRE A COMPOSIÇÃO DO VÍDEO.................................................17
5.      PASSO A PASSO DA ORIENTAÇÃO................................................. 18
6.      APRESENTAÇÃO DO PRODUTO EDITORIAL.................................22
7.      CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................23
8.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................24
































INTRODUÇÃO

              A produção cotidiana de notícias para os meios televisivos não é das mais simples. Ela exige o emprego de vários profissionais para confecção do produto final que vai ao ar e chega ao público. Da captação de dados e imagens à edição final, os profissionais estão envolvidos num processo que exige, sobremaneira, domínio e apuro técnico.
              A televisão não é só imagem, nem só texto. Na realidade, no meio a produção da notícia mostra-se como um composto de partes que, necessariamente, tem que soar harmônicas para gerar a comunicação com o telespectador, consumidor final de notícias e informações. Tal processo, entretanto, mesmo composto de partes que parecem se extinguir em si mesmas, tem que estar inter-dependentes. Assim, nenhuma atividade pode (ou deve) sobrepor-se às outras como responsável diretamente pela geração da comunicação.
              Repórteres de texto, produtores de notícias, repórteres de imagens, editores de vídeo e texto, cada qual por seu turno, contribui com sua habilidade técnica para a confecção do produto noticioso. Contudo, para o público leigo, a televisão não aparece como processo, mas como uma espécie de mágica promovida pelos repórteres que tem o domínio da imagem física e das palavras, ou seja, quem bota a “cara” na tela. Todo processo por trás das câmeras, tão ou mais importante que aquele outro, não tem o reconhecimento necessário e, de acordo, com alguns nem o autoreconhecimento por parte dos próprios profissionais.
              A primeira fase para produção de notícias dentro das rotinas produtivas seria, basicamente, a pautação de assuntos no jornalismo impresso; na TV, especificamente, a pré-produção. Apesar desse primeiro momento, muitas vezes, aparecer como indicações apenas para os repórteres de texto, inclui a indicação preliminar dos pontos a serem focalizados pelos repórteres do olhar. Assim, inicia-se o processo de produção que, entrementes, trata-se de um bate-bola inicial entre essas três funções especificas da TV.
              No segundo momento, esse bate-bola, trabalho de equipe, passa a ser entre o repórteres de texto e imagem. A fase da captação leva para o campo os profissionais diretamente responsáveis pela colheita do material bruto que será fruto de edição para noticialização. Se a pauta inicial prevê determinadas ações, o campo mostra-se aos repórteres como desafio, palco sujeito a mudanças bruscas e surpreendentes. Nesse momento, o tino profissional, jornalístico e técnico não é exclusividade de nenhum dos dois. A simbiose é que deve contar, a colaboração mútua deve imperar como forma de não comprometer o trabalho e levar tanto a melhor informação como a melhor ilustração do fato para o telespectador. Até mesmo quando, algumas vezes, a imagem é mais gritante que as palavras.
              Poder-se-ia dizer que o jornalismo na TV poderia sobreviver só a partir da imagem? Poder-se-ia, por outro lado, afirmar-se que o jornalismo no meio viveria só das palavras? Achamos que todo mundo concorda que qualquer uma das alternativas soa improvável. A produção de imagens bem como a confecção de textos, como já frisamos, necessita do incremento de profissionais plenos no domínio da sensibilidade jornalística, das técnicas de captação jornalísticas e, também, do domínio de técnico de sua área de atuação.
             Poder-se-ia pensar, por acaso, que profissionais da imagem não precisariam de uma carga de informações sobre a prática jornalística, uma formação. Engano. A sensibilidade que deve nortear o fazer dos jornalistas de texto deve, necessariamente, ser adquirida pelos jornalistas de imagem. A confecção dos produtos de mídia exige, contemporaneamente, o aporte de profissionais tarimbados e múltiplos, capazes de compor “informação visual de bom gosto, sem apelações ou imagens grotescas”. (Arruda, 2005)
              O vídeo-documentário Repórteres do Olhar, portanto, é uma homenagem aos repórteres cinematográficos, em primeiríssimo plano. Mas não se esgota aí. É, sobretudo, um roteiro do cotidiano dos profissionais da imagem e de captação de como a categoria dos profissionais de imprensa os compreende. Além, é claro, do próprio auto-reconhecimento profissional, do ponto de vista de compreensão de importância, destaque-se a influência anônima que tem esses profissionais na compreensão dos fatos que marcaram o telejornalismo brasileiro a partir de 1950.









 Primeiras reflexões (Do reconhecimento e do auto-reconhecimento profissional)


              O repórter-cinematográfico Aídes Brasil, em texto publicado na coluna Opinião do Diário da Borborema (O jornalista de imagem, DB, 14/05/2005), dava conta dos “erros” que permeiam as apreciações feitas pelos próprios profissionais do meio quanto ao trabalho dos repórteres de imagem. De acordo com ele, a diferenciação entre “jornalistas” e “cinegrafistas” impressas nas palavras de “colegas com anos de profissão” contém dois erros:

O primeiro é que tanto um como o outro são jornalistas. As diferenças são, primeiro, que aquele que recebe a designação de jornalista no exemplo em questão exerce uma função de texto e o segundo uma função de imagem. A segunda é que o nome correto é repórter cinematográfico, e não cinegrafista. (ARRUDA, 2005)


              As constatações de Arruda foram, em primeiro plano, o que nos levou a refletir sobre a realização de um trabalho que viesse a discutir essas questões no seio da própria categoria dos jornalistas de televisão. Percebíamos ali uma questão que envolve o reconhecimento dos feitos da profissão que, de acordo com Arruda (2005) leva até o profissional a desconhecer a nomenclatura de sua profissão e se chamarem apenas por “cinegrafistas”. E isso pode ser visto na prática. Arruda (2006a), após pedir para, de memória, o leitor lembrar nomes de jornalistas, jornalistas de televisão e fotojornalistas, propõe:
Cite, rapidamente, o nome de um cinegrafista de televisão ou repórter cinematográfico. É isso mesmo, aquele profissional da imagem que produz o conteúdo do principal veículo de comunicação e de jornalismo do país. Difícil? Pare e pense um pouco mais. Surpreso? Deveria! Com certeza para a maioria dos profissionais de jornalismo e principalmente para o público em geral, essa parte da pesquisa  vai ficar definitivamente sem resposta. (ARRUDA, 2006a)


Para concluir de forma meio amarga.


Apesar de existirem grandes profissionais, figuras lendárias, conhecidas pelos especialistas do meio televisivo, nomes como o pioneiro Ortiz, da Tupi, o velho Cabreira, Orlando Moreira ainda brilhando em Nova York ou o José Andrade, para citar alguns mestres, a verdade é que esses jornalistas tendem a ser, antes de tudo “anônimos. (Arruda, 2006a)


              Isso porque, ainda de acordo com Arruda (2006b), apesar de vivermos na “era das imagens, de acordo com as “análises acadêmicas”, “a realidade é que sempre existiu um privilégio reconhecido e assumido da palavra sobre a imagem em todos os meios jornalísticos”.
              Esse privilégio se reflete no auto-reconhecimento profissional. Mesmo sendo os “professores” imediatos dos novos repórteres, conforme Arruda (2006a), “existe uma grande desinformação” entre os profissionais da imagem, “o que se reproduz nos recursos humanos das empresas e, não raro, implicam essas pessoas serem remuneradas abaixo do piso salarial da categoria”.
              Na prática, jornalistas de texto e jornalistas de imagem trabalham com a mesma matéria-prima na forma de notícia. O diferencial encontra-se na linguagem utilizada, onde os repórteres cinematográficos se valem dos “recursos mágicos de imagem e luz”. Luz que, de acordo com Arruda, não incide sobre eles.
             

Se a imagem deveria privilegiar seus próprios profissionais, isso não ocorre com a TV. Profissional da imagem ainda carrega o peso dos equipamentos, muitas vezes incômodos, obsoletos, que provocam graves problemas de saúde. Pior do que isso, o cinegrafista carrega o estigma da profissão. (ARRUDA, 2006b)


             
A profissão de jornalistas de imagem é regulamentada desde 1969 com a denominação de repórteres cinematográficos e foi pelo Decreto nº 83.184 de 13 de março de 1979, no Artigo 11 que especifica “as funções desempenhadas pelos jornalistas, como empregados”. Dentre as outras funções ela se destaca como aquela “a quem cabe registrar cinematograficamente quaisquer fatos ou assuntos de interesse jornalístico”. (DECRETO, 1979)
A responsabilidade de produzir um material de boa qualidade que permita, inclusive, a montagem de um texto sobre mobilizar o profissional, o estimula. No reino das imagens e dos sons, conforme Arruda (2006b), “o que se pretende mostrar é o que o telespectador deseja ver e ouvir sobre aquela notícia; o ângulo, o som e, às vezes, um detalhe falam por si só”
O que vai ao ar, contudo, é fruto não de um profissional exclusivo, de uma “estrela”. Há um leque de profissionais que se unem para produzir material noticioso. O repórter cinematográfico é mais um, talvez de uma importância capital (Haveria televisão, sem repórteres cinematográficos?), mas, como todo jornalista, amparado pelo trabalho de equipe.

A integração da equipe (repórter, repórter cinematográfico e o assistente), é fundamental para o êxito da pauta. A troca de informações a respeito do assunto ainda dentro da unidade móvel e, a agilidade de todos durante a execução da matéria, podem determinar um trabalho bem feito ou não.(ARRUDA, 2005a )  

              Não é preciso muito para reconhecer-se a presença “anônima” dos repórteres cinematográficos na história da televisão brasileira, dos pioneiros da TV de Chateaubriant aos Globais. Nada parece ter escapado aos seus olhares. Há um historia brasileira contada a partir de imagens. Imagens que falam mais que palavras, que guardam uma expressividade ímpar, mesmo que o poder das palavras ainda sirva para explicá-las, penetrar-lhes os sentidos. Mas isso é uma outra história.
O fato é que boa parte da memória contemporânea desse pais está registrada a partir das lentes e dos olhares de profissionais da imagem que, como jornalistas que são, devem concordar com Arruda (2005b):

(...) para mim o que mais pode orgulhar nessa profissão, além de conhecermos todas as realidades do nosso país, é quando fazemos uma matéria que, de certa forma, contribui para melhoria das condições e do desenvolvimento sócio-econômico-cultural da nossa sociedade.


           A história da TV e a influência do meio entre a população, portanto, não está fora do universo demarcado pelos repórteres cinematográficos. O dia-a-dia, a sensibilidade jornalística, o antenamento com a realidade, o senso profissional, o domínio técnico são os elos componentes desse profissional a quem o vídeo-documentário Repórteres do Olhar toma como personagem. 





 Da gestação de um projeto (A imagem do profissional através das imagens)

              Na realidade esse projeto foi perspectivado para vários formatos. De um livro reportagem ele migrou para a idéia de uma reportagem impressa, depois para um vídeo-reportagem e, finalmente, chegou ao formato de vídeo-documentário com que está sendo apresentado. Formato que, a nosso ver, casa-se inteiramente com uma proposta circunstanciada da prática e do perfil dos profissionais que atuam como vídeo-cinematografistas.
O projeto original visava a concepção de livro-reportagem sobre os profissionais do vídeo, onde o foco seria a importância desses para a produção cotidiana de notícias. Uma análise das condições objetivas de realização que, em primeiro plano, denunciavam uma restrição de tempo para tamanha empreitada fez abortar a idéia. As outras duas – impressa ou vídeo-reportagem -, contudo, também se mostraram insuficientes, a primeira por nos limitar ao suporte impresso e a outra pela superficialidade que poderia comprometer o trabalho contextualmente. Tínhamos em mente, por fim, que só a recorrência às imagens e aos relatos gravados de profissionais diretos poderiam dar-nos a dimensão do trabalho dos jornalistas de imagem através do tempo.
Decidindo-se pelo formato vídeo-documentário tínhamos por perspectiva registrar relatos e opiniões de profissionais da imagem, os repórteres cinematográficos, bem como de repórteres de texto, editores etc. para compor um painel de apreciações sobre a profissão. Ao mesmo tempo, permear esses relatos de imagens significativas do ponto de vista da prática (repórteres locais e no front, por exemplo) e da influência “anônima” dos jornalistas de imagem na composição de registros que preenchem a memória televisiva do mundo nos últimos tempos.   
O formato vídeo-documentário, então, como um meio “capaz de associar imagens em movimento, palavra, música, ruído e texto” e, sendo capaz de unir “essas formas de expressão a serviço da comunicação, da troca de idéias, da diversão, do esclarecimento, da ilusão, da informação” (VIDEO, 2007), nos pareceu ser a forma ideal para expressar nossas impressões sobre uma causa e, também, servir como meio de reflexão sobre a importância dos repórteres cinematográficos para a produção noticiosa na TV.
Ao longo do processo de produção fomos recolhendo em arquivo imagens significativas da história recente do Brasil para servir de pano de fundo para um relato cinrcunstanciado da profissão, ou seja, uma forma de dizer que, por trás da informação por imagens que chega ao publico, haverá sempre um profissional cuja responsabilidade é utilizar dos seus conhecimentos para produzí-la.

  Sobre a Composição do Vídeo

              Os repórteres do olhar, ou jornalistas da imagem, construíram nos últimos anos a memória do mundo. Toda imagem que enterneceu e fez vibrar multidões, que fez o mundo arregalar os olhos diante da TV teve por trás das câmeras um profissional da imagem. Profissional esse que de posse do olho eletrônico, essa extensão do olho humano, teve que usar do conhecimento técnico sobre a máquina, da sensibilidade de captação e angulação jornalística e, muitas vezes, da coragem suicida para levar ao público fatos a partir da imagem.
              Compor um vídeo pode parecer como compor uma canção ou uma poesia. Os dados, a não ser que seja algo totalmente inédito, estão por aí, a vida está aí. Exige um tanto de inspiração, um tanto de trabalho. Talvez mais trabalho, que inspiração. Tínhamos a idéia, um certo acesso às fontes, um conhecimento de causa, e uma vontade de expor, de alguma forma, a importância do profissional de imagens para o meio televisivo, o de maior influência no meio da população brasileira.
              Como conceber e produzir um vídeo, então, sobre os profissionais da imagem?
              A reposta óbvia parece ser: utilizem imagens! Que imagens, então, usar? Essas questões movimentaram os primeiros passos de composição intelectual do vídeo-documentário.
O cotidiano dos jornalistas de imagem seria, então, o primeiro dos ângulos a serem cobertos. A idéia era, numa  recorrência ao método das routines produtivas[1], mapear as ações dos jornalistas da imagem das TVs paraibanas, no sentido de mostrar suas rotinas de trabalho e procedimentos jornalísticos. 
Um segundo momento seria a realização de entrevistas com profissionais envolvidos com a produção da notícia televisiva. Contingente que envolveria desde os profissionais diretos até editores, assistentes e repórteres de texto. Assim, caberia entender a visão que o profissional faz de si mesmo e de como sua oni-presença é considerada, ou apreciada pelos outros profissionais.
Há também a preocupação em captar exemplos de intervenção direta, ou seja, aqueles momentos em que as imagens valem realmente mais que todas as palavras.
Repórteres de uma forma geral têm, ou devem ter, visão política e social. Assim como o repórter de texto tem consciência do peso político das palavras que utiliza, da forma como as profere, o repórter de imagem tem que ter também. Esse foi um dos elementos que perseguimos nas pesquisas de arquivo. O olhar pode ditar coisas que sugerem leveza, beleza e paz, mas o mundo não é só isso. Uma imagem desfocada, distorcida ou mal filmada pode revelar do desconhecimento e da insegurança técnica do profissional, mas também pode sugerir um posicionamento pessoal e ético sobre determinada situação.
Um último foco é sobre a participação de repórteres na cobertura de guerras ou conflitos sociais urbanos, onde os riscos são constantes. Morre-se por uma boa imagem, pela imagem reveladora, objetiva. Morre-se por ver demais e tentar transmitir, em nome da profissão, essa visão a outrem, muitas vezes a derradeira.
Por fim, pensamos que captando imagens, depoimentos, vasculhando arquivos de imagens inesquecíveis, conseguiríamos compor um documentário dinâmico sobre essa categoria de jornalistas por direito e prática.


 Passo a passo da Orientação
  
O processo de orientação teve início ainda quando da concepção do projeto original dentro da disciplina Projeto de Pesquisa, ministrada pela professora Ada Kesea Bezerra. Foi sob sua orientação que concebemos a idéia de fazermos uma análise do papel dos repórteres cinematográficos na composição do produto noticioso televisivo, e a apresentarmos como livro-reportagem. Livro que conteria o histórico da profissão, as aptidões de dificuldades, a evolução dos equipamentos e histórias de vida de profissionais na Paraíba, desde os pioneiros de nossa televisão. O projeto pioneiro, contudo, trazia a disposição, mas mostrou-se inviável por questões de tempo para o desenvolvimento e, até, por uma questão lingüística.
              Já sob orientação dos professores Cosma Ribeiro, coordenadora do TCC, e Edson Alves de França, orientador, o projeto passou por redefinições, todas alvo de discussão, até estacionar na forma de vídeo-documentário como está sendo apresentado.
              As orientações obedeceram a certa regularidade a partir do dia 25 de fevereiro de 2009. Semanalmente, mesmo que em encontros informais, alguns passos do projeto foram discutidos, rediscutidos permanentemente. Esse processo serviu para visualizar formas de realização compatíveis com o tempo disponível e repisar os conceitos que nortearam a concepção do projeto.
              Tivemos, por questões de foro profissional de um dos componentes do grupo, os inevitáveis atrasos na produção – coleta de imagens em outras cidades, por exemplo – mas, dentro do possível, tudo pode ser contornado.
              Destacamos, em seguida, alguns momentos e atividade que foram alvo de discussão ao longo do processo de orientação e produção:
1.   (In) definições iniciais
  
2.   Concepção  e composição do vídeo em termos de imagem

As primeiras discussões sobre o vídeo-documentário propriamente foram na fixação das imagens que o comporiam. Essa primeira discussão nos levou a decidir que ele seria composto por imagens que nos fornecessem os seguintes dados:

a) as rotinas produtivas – acompanhamento do cotidiano de profissionais e sua incursão no front da notícia.


b) a memorialística da profissão – a memória da profissão em perspectiva;
c) repórteres, mártires em nome da notícia; momentos de morte de repórteres no momentos de conflitos bélicos ou sociais;
d) depoimentos – fala de profissionais de televisão sobre a atuação dos repórteres cinematográficos.

              Como a produção reveste-se de  processo dinâmico, esses pontos foram sendo rediscutidos a medida que íamos se apoderando do material e, conceitualmente, montando a estrutura do vídeo. Assim, além dos quatro pontos elencados acima, o vídeo apresenta um quarto que pode ser discutível, mas para nós reveste-se de uma pano de fundo no qual definimos nossa percepção de que a memória afetiva ou amarga do Brasil e do mundo tem a mão caprichosa e atenta dos Repórteres do olhar.
              O quinto momento, como pode se sentir no vídeo, seria a introdução de imagens marcantes da memória televisiva mundial que traduzem, indelevelmente, o olhar sensível do repórter sobre os acontecimentos. Muitos deles intraduzúveis em palavras.

3.   Definição das datas para coleta de imagens
4.   Discussão sobre o teor das entrevistas
Quem procurar e o que perguntar?
Essa questão certamente ocupa algumas discussões quando da produção de pautas para reportagens que, no fundo, são as fontes inspiradoras dos documentários. Conosco não foi diferente. Como tínhamos que colher depoimentos precisos tanto sobre a pratica dos cinegrafistas como de profissionais que atuavam conjuntamente, discutimos antecipadamente sobre o teor da entrevistas, pondo em evidência aquilo que poderia render depoimentos fortes sobre a atividade dos repórteres do olhar.
5.   Consulta e discussão sobre o uso de arquivos;
6.   Sugestão/ discussão sobre a pertinência de algumas imagens;
7.   Sugestão/discussão sobre as formas de utilização das imagens;
8.   Definição do título;
9.   Discussão/sugestões sobre o processo de montagem.

A montagem obedeceu, mais ou menos, aos critérios definidos nos pontos a serem pesquisados para a composição do vídeo. Ao coletar todos os depoimentos e pesquisar e definir as imagens de arquivo que entrariam no produto final.


10.  Análise preliminar do vídeo
Uma análise preliminar do vídeo foram sugeridas algumas intervenções para deixá-lo mais integral.

a)  agrupamento de imagens
              O agrupamento de imagens por tema possibilitaria uma maior compreensão por parte do expectador do que se estava tratando no vídeo.

b) recursos que didatizem o vídeo
              Alguns recursos como palavras ou expressões e o uso de informações relativas ao profissional durante o filme facilitaria a comunicabilidade com o expectador, além de torná-lo plasticamente mais perfeito.

11.  Roteiros do Vídeo-Documentário


     O vídeo abre com um “fade” passando para a imagem de uma lente de câmera, fundindo com um olho humano e os caracteres com o título do filme em letras amarelas. A música de fundo foi tirada de um tema de abertura do documentário sobre os 35 anos da Rede Globo e 50 de televisão no Brasil. Em seguida vem uma sonora do gerente de operações das TVs Paraíba e Cabo Branco, Paulo Pena, que ressalta a importância do Repórter Cinematográfico. Depois da sonora de Paulo, uma seqüência de imagens históricas que fizeram parte do passado no Brasil e no mundo; mostrando o início das transmissões da televisão no Brasil, com a inauguração da TV Tupi. Imagens coletadas de um vídeo documentário sobre o cangaceiro Lampião e seu bando, Baile Perfumado da Saci Filmes; fatos do Brasil, inclusive do tempo da repressão. O cinegrafista, Reynaldo Cabrera, fala como ele driblava a ditadura militar. Lances do esporte e outra sonora, desta vez com o Repórter Cinematográfico, Joacil Brito, a respeito do comportamento dos profissionais da imagem. O RC, Altair Silva, fala do reconhecimento do profissional. Pierre Tibério, outro RC, fala das dificuldades no trabalho externo. Entram várias imagens feitas na transmissão do JPB ao vivo na cidade de Patos. O repórter, Marcos Vasconcelos dá um depoimento, do ponto de vista dele com relação aos profissionais cinegrafistas.Logo após, outras cenas chocantes de guerras, o atentado contra o papa João Paulo II, a coragem de uma manifestante chinesa, na praça da Paz Celestial, desafiando os tanques de guerra, o incêndio do Edifício Joelma em 74, o cinegrafista Cabrera, conta como se sentiu ao filmar aquelas cenas.Depoimento do RC  Pierre Tibério com relação às emoções vividas por eles nas reportagens. Entra uma passagem de Sandra Annemberg, falando sobre um assalto a equipes de televisão em que os equipamentos de TV, foram levados. Outras imagens mostram a ousadia dos profissionais em busca de melhores ângulos para suas reportagens, ficando cada vez mais próximos do perigo,  Altair e Paulo Pena falam da valorização profissional. Em outro depoimento o RC Altair fala sobre o prazer de trabalhar como Repórter Cinematográfico. Marcos Vasconcelos, também dá uma força. O RC, Damião Tomé, dá seu depoimento sobre uma matéria da TV Paraíba, premiada pela CNT ( Companhia Nacional de Transportes) onde ele era o câmera e quem ganhou o prêmio foi o repórter de texto, Anchieta Araújo. Em Seguida a matéria, Carrinho de Rolimã, na íntegra. Carlos Siqueira, Editor-Chefe da TV Paraíba, reforça a importância do Repórter Cinematográfico e por fim, uma cena em que um soldado do exército da Nicarágua, mata com um tiro de fuzil, um repórter de tv, registrado por um Repórter Cinematográfico. A trilha sonora foi tirado de um disco da banda Inglesa, Gênesis de 1977.

que fizeram parte do passado no Brasil e no mundo, mostrando o in
 Apresentação do produto editorial

Formato: Vídeo-documentário
Tempo de duração: aprox. 27 minutos
Sinopse: a profissão de repórter cinematográfico é o tema central desse vídeo documentário. Os Repórteres do Olhar são os profissionais que dotados de uma sensibilidade jornalística e com o uso de equipamentos de captação de imagens contribuíram para a construção do imaginário televisivo do Brasil e do mundo nos últimos anos. Incógnitos muitas vezes, eles se aliam à palavra na composição de olhares sobre a realidade e, na maioria das vezes, conseguem ir mais fundo que aquelas com  sua crueza. O vídeo trata, enfim, de uma homenagem e de um grito pelo reconhecimento desses trabalhadores da imagem.
Recursos audiovisuais: Entrevistas com profissionais atuantes e do passado, flagrantes do cotidiano de repórteres cinematográficos, imagens de arquivo
























Considerações Finais


              Pensamos que não caberia aqui relatar dificuldades, percalços, ou qualquer outra coisa ao nível da operacionalidade do trabalho. Sabemos que existiram como em qualquer trabalho relacionado a produções de cinema ou TCC’s, mas procuramos considerar esse relatório ao nível apenas do produto criado, seja por eficiência, seja como exercício inicial de produção. O vídeo-documentário está pronto. Ponto. Como toda cria nova tendemos a considerá-lo pronto a cumprir uma função, mesmo que reconheçamos algumas limitações no produto final.
              Começamos esse trabalho partindo de um ponto de vista definido: há uma insatisfação entre os repórteres cinematográficos pelo reconhecimento de seu trabalho e, entrementes, pelo próprio auto-reconhecimento por parte dos profissionais. Um processo que envolve valorização empregatícia e por parte do público telespectador.
              Encontramos no campo depoimentos que, de certa forma, mostram essa premissa, mas também depoimentos que levam a perceber o reconhecimento do trabalho desempenhando pelo profissional nas equipes.
              A impressão final que queríamos passar através do vídeo-documentário, e talvez tenhamos conseguido, era da imprecindilidade dos repórteres cinematográficos na construção do discurso televisivo, contribuindo com a parte mais chamativa dentro da linguagem do meio: a imagem. Assim, o vídeo Repórteres do Olhar não funciona como protesto, como reclame tão só para as necessidades de uma classe, ele delimita, dentro da história da televisão no Brasil, o espaço que cabe aos artífices da imagem. Estes que com olhos atentos, sensibilidade jornalística e de parceria com os repórteres das palavras, utilizam-se do olhar eletrônico para compor o discurso imagético que informa, desperta sentimentos, ensina e, sobretudo, contribuem para a memória recorrente deste país.









REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ARRUDA, Aídes Brasil. O jornalista de imagem. Diário da Borborema, 14/05/05a.
___________________ .Relatos de um jornalista de imagem. Diário da Borborema, 30/10/2005b. Campina Grande-PB.
___________________ . Repórter cinematográfico. Diário da Borborema, 21/05/06a.
___________________ . Repórter cinematográfico (parte II). Diário da Borborema, 25/05/06b. Campina Grande-PB 
DECRETO nº 83.284 de 13 de março de 1969.
Vídeo: da emoção à razão: laboratório/ SEPAC – Serviço Pastoral da Comunicação. - São Paulo: Paulinas, 2007.






























[1] O método de pesquisa denominado routines produtivas consiste no rasteamento das rotinas produtivas do profissionais de imprensa de forma participante, no sentido de investigar particularidades da produção da noticia, como as distorção inconsciente e involuntária da informação e da noticia.




quarta-feira, 5 de maio de 2010

Propagandas Premiadas

Nos anos 90, o Festival de Cannes, revelou vários comerciais de diversos países. Mostraremos aquí, alguns destes comerciais, valorizando o talento e a criatividade do mundo da propaganda. Este comercial da Play Station, inovou com uma propaganda no mínimo esquisita, vejamos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Esquadrilha da fumaça

A esquadrilha da fumaça apresentou-se mais uma vez na cidade de Patos, nesta quarta-feira, 18 de novembro. Uma tarde que parecia em seu início que a temperatura seria amena. Por volta das 15:00h., a coisa mudou totalmente e o calor tomou conta do Terreiro do Forró, local da apresentação. O calor, tanto vinha de baixo, no asfalto quente, como de cima sem ventilação. Foi uma apresentação impecável, mas notamos que a esquadrilha da fumaça reduziu muito as manobras muito arriscadas como o cruzamento sempre perigoso de aeronaves. Apesar de que todas as manobras, precisam de muito treinamento e são também de grande risco. O local não ajudou muito, são vários prédios, postes, fios que atrapalham a visibilidade dos espectadores, e como são manobras rápidas, o público perdia a maioria delas. As pessoas que foram registrar em foto ou vídeo o evento, talvez tenham se decepcionado por não conseguirem acompanhar a rapidez dos aviões. Mas uma linda e brilhante apresentação.

sábado, 11 de julho de 2009

Depois de alguns dias ausênte, estamos de volta, agora com um pouco mais de tempo, já que o Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado, aguardando somente a colação de gráu que acontece no próximo dia 17/07/09.
Depois de alguns dias ausente, estamos de volta para o contato com o público